O cumprimento das
regras no desporto é, sem dúvida, uma condição fundamental para a sua prática.
O desporto, por sua vez, é uma actividade que consegue motivar a maior parte
dos alunos. De entre estes encontram-se, frequentemente, aqueles que mais
dificuldades apresentam nos estudos, mas também aqueles que mais problemas
disciplinares originam.
Ora, a prática
desportiva, aquela que exige que o cumprimento das regras seja um ponto de
honra e em que a superação das dificuldades físicas pelo esforço seja
igualmente valorizado, tem um valor formativo de alto grau.
Muitos dos alunos com
insucesso são originários de famílias desestruturadas. Não se lhes pode pedir,
por isso, aquilo que os pais não souberam ou não lhes puderam dar. A prática
desportiva, no entanto, tem a possibilidade de, em certa medida, compensar as
carências de que estes alunos são portadores. A ética no desporto, o
desportivismo, o fair play no jogo não
devem ser expressões que sejam aplicáveis, apenas, ao futebol de competição.
Elas, antes de mais, têm aplicação primeira na escola. O fair play vai além do simples respeitar das regras; ele implica o
respeito do outro, desde logo do professor, da aceitação das decisões do árbitro,
de lutar contra a fraude e contra a violência, seja ela física e verbal.
Quem sentiu o peso de
ter perdido depois de se esforçar para conquistar algo que desejava, poderá
avaliar bem o sabor de uma vitória! Mas também saberá avaliar o sabor da
derrota dos adversários quando fizeram tudo o que puderam e não obtiveram o
êxito! Por isso a vitória, se dá honra aos que dela participam, impõe respeito
aos que dela se arredaram. O desporto competitivo pode ser uma escola de
virtudes onde a lealdade e o respeito pelo adversário estão constantemente em
evidência. Ele ensina que, quer no jogo quer na vida, há regras que têm que ser
respeitadas. A vitória a qualquer preço não conta.
Os valores do
desportivismo, se transportados para a sala de aula, podem ajudar a formar alunos
mais trabalhadores e mais responsáveis.
Mário
Freire