Agora que as férias estão a caminhar para o fim, talvez tivesse interesse fazer-se uma breve reflexão sobre o que elas poderiam significar para as crianças e jovens.
Na Europa, a Dinamarca, a Alemanha, a Holanda e o Liechtenstein são os países onde as férias de Verão são mais curtas: cerca de seis semanas. Em França, esse número é de nove e em Portugal, anda por volta das doze semanas. Estes números referem-se ao 1º ciclo do básico.
Os dados apresentados não permitem que se tire uma conclusão sobre a duração das férias nos diferentes países da Europa mas, parece, que talvez não sejamos muito frugais nessa duração. Ora, um prolongamento exagerado das férias escolares, pelo menos quando elas não têm uma componente educacional, não é benéfico para os alunos. Claro que em tempo de férias tem cabimento levantar mais tarde e deitar mais tarde, andar ludicamente na internet (com vigilância mais ou menos discreta de um adulto responsável), ver televisão, passear e divertir-se com amigos. Mas reduzir as férias a estas actividades é demasiado empobrecedor para quem está numa fase de desenvolvimento físico, intelectual, emocional e moral.
O encurtamento das férias não passa, necessariamente, pelo aumento do tempo de aulas. O que me parece é que, quer o Estado quer a sociedade civil, deveriam organizar actividades adequadas às diferentes idades e acessíveis a todas as bolsas, de modo que as crianças e os jovens pudessem aproveitar, devidamente, o tempo fora da época escolar. E tantas poderiam ser essas actividades, nos mais diversos domínios do saber, das actividades físicas e artísticas, da solidariedade, da descoberta e protecção da Natureza, da religião…! Pelas informações que vou colhendo, já muitas organizações o fazem, visando públicos e idades específicas.
Penso que esse aproveitamento do tempo de férias deveria até ter a possibilidade, quando credenciado por uma instituição idónea, de poder figurar numa caderneta individual, de modo a integrar como que um pré-curriculum vitae do jovem.
Saber aproveitar o tempo é um lema que se impõe a todo e qualquer cidadão, ao longo da sua existência. Ora, isso começa a aprender-se na família. Mas a escola, qualquer que seja o seu nível, e a comunidade deveriam ter nessa tarefa papel de relevo. Fazer férias com significado, isto é, saber aproveitar o tempo, que mais não seja aquele em que se está a desfrutar o belo, a praticar o bem e a proteger a Natureza, poderia ser um bom ensaio para uma vida que se pretende que seja útil ao próprio e aos outros.
Mário Freire