quinta-feira, 25 de agosto de 2011

FÉRIAS COM SIGNIFICADO

                                   

            Agora que as férias estão a caminhar para o fim, talvez tivesse interesse fazer-se uma breve reflexão sobre o que elas poderiam significar para as crianças e jovens.
            Na Europa, a Dinamarca, a Alemanha, a Holanda e o Liechtenstein são os países onde as férias de Verão são mais curtas: cerca de seis semanas. Em França, esse número é de nove e em Portugal, anda por volta das doze semanas. Estes números referem-se ao 1º ciclo do básico.
            Os dados apresentados não permitem que se tire uma conclusão sobre a duração das férias nos diferentes países da Europa mas, parece, que talvez não sejamos muito frugais nessa duração. Ora, um prolongamento exagerado das férias escolares, pelo menos quando elas não têm uma componente educacional, não é benéfico para os alunos. Claro que em tempo de férias tem cabimento levantar mais tarde e deitar mais tarde, andar ludicamente na internet (com vigilância mais ou menos discreta de um adulto responsável), ver televisão, passear e divertir-se com amigos. Mas reduzir as férias a estas actividades é demasiado empobrecedor para quem está numa fase de desenvolvimento físico, intelectual, emocional e moral.
            O encurtamento das férias não passa, necessariamente, pelo aumento do tempo de aulas. O que me parece é que, quer o Estado quer a sociedade civil, deveriam organizar actividades adequadas às diferentes idades e acessíveis a todas as bolsas, de modo que as crianças e os jovens pudessem aproveitar, devidamente, o tempo fora da época escolar. E tantas poderiam ser essas actividades, nos mais diversos domínios do saber, das actividades físicas e artísticas, da solidariedade, da descoberta e protecção da Natureza, da religião…! Pelas informações que vou colhendo, já muitas organizações o fazem, visando públicos e idades específicas.
            Penso que esse aproveitamento do tempo de férias deveria até ter a possibilidade, quando credenciado por uma instituição idónea, de poder figurar numa caderneta individual, de modo a integrar como que um pré-curriculum vitae do jovem.
            Saber aproveitar o tempo é um lema que se impõe a todo e qualquer cidadão, ao longo da sua existência. Ora, isso começa a aprender-se na família. Mas a escola, qualquer que seja o seu nível, e a comunidade deveriam ter nessa tarefa papel de relevo. Fazer férias com significado, isto é, saber aproveitar o tempo, que mais não seja aquele em que se está a desfrutar o belo, a praticar o bem e a proteger a Natureza, poderia ser um bom ensaio para uma vida que se pretende que seja útil ao próprio e aos outros.

                                                                                                        Mário Freire


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A PAZ


Sendo a Paz tão nobre e bela,
quão distante se afigura...
É que tantos falam dela,
mas com balas à cintura.

Nem com tréguas, nem com pactos
se demonstra o que é a Paz.
Rezam actas, provam factos
quanto isso é tão fugaz.

Fazer pazes porque não?
Mas três letras em cartaz
não são tudo o que convém.

Em resumo e conclusão:
Vera Paz em nós se faz.
                     Da premissa o mais provém.

                                           João d’Alcor

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

APRENDER A PAZ


       

                         Foi apresentado no passado dia 14 de Maio, em Matosinhos, um documento que, em Junho de 2005, foi dirigido à ONU e intitulado Carta da Paz. Apesar deste documento ter sido difundido, na altura, por mais de 80 países dos cinco continentes, ele, infelizmente, continua pleno de actualidade. Talvez fosse essa a razão que levou os organizadores desta iniciativa a promovê-la e, mais uma vez, chamar a atenção para os graves problemas que decorrem da ausência de paz.
Esta carta enuncia 10 princípios que pretendem ajudar a ultrapassar obstáculos que se colocam no caminho da paz. Eis alguns desses princípios:
-“Nós, os contemporâneos, não temos culpa pelos males ocorridos na História, pela simples razão de que não existíamos. Então, por que devemos ter e alimentar ressentimentos, uns contra os outros, se não temos nenhuma responsabilidade nisso?”
-…”não poderá construir-se a paz global enquanto no seio da sociedade e, inclusive, dentro das famílias, existirem menosprezo para mais da metade dos seus integrantes: mulheres, crianças, idosos e grupos marginalizados…”
Situando-nos, no caminho da educologia, perguntar-se-á: é possível aprender a paz? Ora a escola, apesar de todas as dificuldades que atravessa, constitui um espaço de liberdade e de acolhimento. Ela é, sem dúvida, um local de integração social onde convivem várias etnias, géneros e condições sociais. É ali, na escola, onde os diferentes convivem entre si, que o racismo e a xenofobia são combatidos diariamente. Estes factos são, pois, construtores da paz. Se temos hoje uma sociedade mais aberta, isso deve-se à escola.
            Mas ter uma escola aberta e acolhedora não constitui condição suficiente para construir a paz. O ensino na escola não é, apenas, o ensino das disciplinas. Para além destas existem os recreios, o modo como os professores se relacionam com os alunos, como estes se relacionam entre si e como todos os outros tipos de relacionamentos têm lugar. É nesta miscelânea de conhecimentos e de relacionamentos que pode ter lugar (ou não) a aprendizagem da paz.
            Perguntar-se-á: como é que o conteúdo das disciplinas poderá contribuir para a aprendizagem da paz? Ora todo o conhecimento tem sempre a ver com o homem. É ele que o constrói; é ele que o aplica. Mas essa aplicação nem sempre serve para o desenvolvimento da humanidade. Por vezes, esse conhecimento serve para destruir os seus semelhantes e a própria Natureza. Assim, na História, que acontecimentos e que conceitos nela se estudam referentes à guerra e à paz? E como teria sido a História se não tivesse havido guerras?
As disciplinas poderão ser sempre encaradas como contributos do esforço do homem para o desenvolvimento da humanidade e para a construção da paz. É importante que ao aluno seja dada a oportunidade e o incentivo de aprender, através dos comportamentos e atitudes que observa, que a justiça, a tolerância, a promoção dos princípios democráticos e a solidariedade são praticados dentro da escola e que estes valores podem ser, também, por si experimentados. Se assim acontecer, ele estará mais apto a receber e transmitir a grande lição da paz.
                                                                  
                                                                                              Mário Freire

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

DEMONSTRAÇÃO


Ilusão e veleidade
é tentar eu comprovar
‘star em posse da verdade
porque dela sei falar,

Da vivência interior
provém ela ; isso é um facto.
O aparato exterior
não demonstra; é sem impacto.

Evidência há no viver.
Tudo o resto vem a ser
nada mais que especular.

A verdade é sempre alguém.
Por si fala e é desdém
que eu a queira demonstrar.

João d’Alcor

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A PARTICIPAÇÃO DOS MIGRANTES NA APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA



A participação dos migrantes é um objectivo estratégico do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida (LLL): todos devem ter uma segunda oportunidade e completar a sua formação através, se necessário, de uma aprendizagem personalizada. A contribuição para a equidade social e a cidadania activa deve ser implementada.
Estes grupos com culturas específicas têm, muitas vezes, um desempenho inadequado em áreas de referência, pelo que devem merecer uma atenção especial. Torna-se necessário ultrapassar o desfavorecimento socioeconómico resultante duma formação incompleta, através de políticas especialmente desenhadas. Tais políticas envolvem educadores, autoridades locais e ONG’s. Elas têm como objectivo mostrar a importância da aprendizagem na inserção social e ainda que nunca é tarde para aprender.
Na União Europeia estas políticas são diferenciadas, de acordo com o respectivo padrão migratório: a migração Ocupacional, a migração Extra -Europeia, a migração Intra - Europeia,  a migração Forçada e a migração Regulada. Foram feitas recomendações e libertados recursos para todos os que lidam com a educação dos migrantes. São objectivos a atingir, entre outros, a generalização do acesso das crianças ao ensino pré-primário, a aquisição de competências fundamentais, incluindo a aprendizagem da língua do país de acolhimento e o acesso dos trabalhadores migrantes aos programas de Formação Profissional.

                                                                                       FNeves