terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ATITUDE


Tenta tu sorrir à vida,
que ela logo te sorri.
Culpa a ela atribuída
não é dela mas de ti.

Pensei nisso e fui sorrindo.
Não tardou que logo ela,
francamente retorquindo,
me provasse quanto é bela.

Ser a vida um purgatório
e passar a paraíso
é tão simples e notório:

Basta apenas entender
a virtude de um sorriso.
Atitude a não perder.

João d’Alcor

domingo, 26 de fevereiro de 2012

DESENVOLVIMENTO E SOLIDARIEDADE - VIII


                                      Solidariedade e sobriedade

            As primeiras páginas dos jornais e as notícias de abertura das televisões vão-nos apresentando situações em que as palavras “crise”, “austeridade”, “desemprego”…merecem destaque. E, na base destas e de outras palavras de significado semelhante, parece estar um debilitado crescimento económico e uma escassez de natureza financeira.
            Mas será que na raiz de tantos males estarão apenas aspectos económico-financeiros? Não terá sido, antes, uma inversão de prioridades no desenvolvimento que se desejou imprimir à sociedade que conduziu a esta situação em que se colocou o dinheiro acima da pessoa, o lucro exagerado de alguns à frente do bem comum, a preocupação de cada um só consigo, como se o outro, o que está ao nosso lado, não existisse? Todos necessitamos uns dos outros. E tomar consciência dessa realidade conduz-nos à solidariedade.
            Vivemos num mundo em que entidades financeiras sem rosto, determinadas exclusivamente pelo lucro, actuam sem qualquer regulação supra-nacional. Elas determinam a política e a economia dos países, principalmente as dos mais vulneráveis. “A sociedade cada vez mais globalizada”, diz Bento XVI na encíclica ‘Caritas in veritate’ “torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos”.
Ora a solidariedade, essa fraternidade activa, só é possível se houver sobriedade. E “sobriedade” tem a ver, no seu uso corrente, com temperança no comer, com frugalidade, com moderação, com ausência de artificialidade, com simplicidade. Por isso, no dizer do cardeal Tettamanzi, da diocese de Milão, “ela abre aos outros, enquanto diminui a importância que damos a nós mesmos … ensina a evitar as palavras gritadas e os tons excessivos, os consumos desenfreados que causam desperdícios e a avareza de quem acumula, indiferente à necessidade dos outros”.
Solidariedade e sobriedade, mais que duas palavras, são dois valores que, praticados pelos que têm o poder das nações, da economia e do dinheiro mas, também, por cada um de nós, talvez pudessem contribuir para um mundo com menos desigualdades sociais.

                                                                      Mário Freire 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

ATENÇÃO


O dar provas de atenção,
sendo aos outros dedicado,
vai direito ao coração
de quem é de facto amado.

Mais no dar que receber
cada prova do amor
nos convence e leva a crer
na atenção como um valor.

Proceder assim comigo,
pensar eu no próprio bem
nada tem que seja engano.

Se, porém, com tal consigo
fomentar o bem de alguém,
a dobrar me torno humano.

João d’Alcor

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A VIGÍLIA DOS ADOLESCENTES


             Há dias, um adolescente de 13 anos dizia-me, com a maior das naturalidades, que tinha estado toda a noite a ver televisão e que só se tinha deitado quando o sol estava a nascer! Este tipo de situações que, por motivos fúteis, impedem o dormir, está mais generalizado do que poderia pensar-se. Não deve, pois, deixar de merecer a atenção dos educadores e, muito em especial, dos pais, os motivos que estão subjacentes nos adolescentes para eles privarem o organismo de dormir durante a noite.
Quatro principais causas existem para, deliberadamente, na adolescência, se privar de um sono que é essencial no desenvolvimento físico e psicológico. Uma delas já foi invocada: ver televisão pela madrugada dentro. Ter a televisão no quarto é um convite a vê-la até à hora de dormir. Ela, no entanto, excita e, de tal maneira pode prender a atenção, que o adolescente é levado a esquecer-se do tempo e de tudo o que o rodeia.
Jogar no computador é outro modo que os adolescentes encontram para passar partes da noite em claro. Os jogos foram construídos para captar o interesse e solicitar a participação activa nas situações lúdicas. Ainda, utilizando o computador, existe a conversa com os amigos no Messenger, no Facebook, no Hi5…, que fazem correr velozmente o tempo...
Depois, há os sms, aquelas mensagens hieroglíficas através do telemóvel que são escritas com rapidez estonteante! Aqui se trocam opiniões e se dizem os pequenos nadas que fazem o tudo de muitos adolescentes.
E, entretanto, começam as saídas à noite, por vezes, até de manhã…
Qual o papel dos educadores perante estas situações que, quotidianamente, se lhes apresentam? Sem haver receitas uniformes, há que referir que o diálogo é um meio importante de esclarecimento, de mostrar aos adolescentes dos prós e dos contras de muitos dos seus comportamentos. Mas há, também, com serenidade mas firmeza, de estabelecer limites e restrições ao uso dos aparelhos.
Enfim, e acima de tudo, há que ter uma vigilância discreta mas permanente, para que não tenhamos que ver pais desesperados, nos telejornais, pelo desaparecimento dos seus filhos adolescentes os quais mantinham contactos não se sabe com quem nem sobre o quê!
 
                                                                   Mário Freire

domingo, 19 de fevereiro de 2012

CARNAVAL - ENSAIO



Pilhagem mascarada - Sistemas poluentes – Estado da Nação

                     (Trágico-comédia em três actos)


                                Primeiro Acto – Pilhagem mascarada

          Na política do bebes e comes, surge a sordidez do sistema económico ultraliberal, epidemia com berço na escola de Chicago e fora de controle. A concorrência chinesa, nos teores do idioma monossilábico, introduz, a gaguejar, o neologismo Xi-Ka-Go. Os  respectivos povos, de nariz apurado (e logo com estes os demais), muito ordeiramente, passam a protestar, frente à parada virtual, replicando a  cada chi-ca-gão, membro encarapuçado da seita macabra, mediante o slogan polifónico, em coro entoado : Pa-ra-ti-sim; pa-ra-nós-não !

                               Segundo Acto: Sistemas poluentes

          Os auto-eleitos do poder económico, persistem, aumentando progressivamente a acumulação e exportação dos produtos poluentes. Face aos protestos generalizados, inventam as máscaras, o que contribui para maior rentabilidade do sistema. Kiotos e Rios são embargados, agravando a situação do planeta e a degeneração das espécies. Os Verdes lamentam e promovem rituais a ter lugar nos oásis, invocando o deus Sol agente da fotossíntese. São porém confrontados com a privatização das águas, a nível planetário, impondo os transgénicos e incentivando a desertificação.

                                   Terceiro Acto: O Estado da Nação

          Na classificação das grandes impotências económicas, Portugal “ascende”ao pódio da lixeira. O Povo queixa-se do mau odor esgravatando nela algo que reduza a malnutrição. Acresce o ataque simultâneo provindo de duas pragas avassaladoras: a das sanguessugas e a das moscas. Triste e indignado, vale-se o Zé-povinho do Face-book, para uma campanha virtual contra a “A porca da política” sistema de alarme registado por um dos nossos clássicos. No lixo que se acumula, duas anotações são encontradas: A primeira, actual, de teor sócio-politico, consagrada ao turismo, promovendo a ida à Boca do Inferno. A segunda, já histórica, descrevendo e glorificando o feito insigne que fora o de transformar a “Porcalhota” em Amadora. Alucinada e saudosamente, surge um partido que anuncia e prepara o regresso de El-Rei Dom Sebastião.

                                           Perfazimento

          É obvia a gravidade da situação. A solvência, mais e mais alvitrada, passa pela identificação e chamada à pedra de todos e cada um dos autores, actores e promotores da crise, mormente quem, em regime de clandestinidade, sufla dicas e articula flexíveis marionetas. Trata-se, efectivamente, de obra de supostos talentos, massa cinzenta que a sociedade é chamada a recuperar e transformar. Surge a campanha em favor da sua reeducação, para benefício da colectividade e do habitat universal, em prol da reeducação dos delinquentes, humanitariamente colocados em regime preventivo. Ecologia é o mote e o apelo, garantindo efeito regenerador em cada  lucro-dependente e com impacto positivo no que toca à mãe Terra e à Comunidade universal.

          Em regime de ludo-terapia e situação de emergência, o Carnaval vai passar para o Domingo gordo, clássica e piedosamente celebrado na liturgia cristã, estando comprovado que é saudável a ementa barriga cheia e bom humor, como contrapeso do jejum, Esta uma concessão dominical política e religiosamente indulgenciada, figurando porém, em rubrica do decreto comum, que magros passam a ser, para já, todos os dias da semana, inclusas, obviamente as terças feiras. Para as festividades do Carnaval antecipado há cânones e decretos prescrevendo o cerimonial do bolo. Obrigatória é a cereja no topo, sendo esta associada a cuidados paliativos. Tal sobremesa, secretamente registada como placebo, é recomendado para todas as idades, ficando isenta de IVA e a distribuir gratuitamente. É aconselhado o travesti na roupagem de todos os participantes, de preferência garrida e rota, dado o bom humor obrigatório nas festividades e o simbolismo alegórico referente à penúria nacional. Por lei, estará patente o Livro de Reclamações, sendo, nas filas dos utentes, dada prioridade aos descalços e aos analfabetos.

                                           João d’Alcor

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

ARTE



Há no termo ‘belas artes’
redundância, com certeza.
Arte rima com beleza,
quer no todo quer nas partes.

Obra d’arte bem se exprime
em maneiras de fazer;
mas, no encanto do viver,
atinge ela um grau sublime.

Ignorei o bom convite
manifesto no apelo
de com arte m’expressar.

Hoje é fora de palpite:
Sou artista. Apraz-me sê-lo,
se não mais, a contemplar.

João d’Alcor

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS - 2



As restrições financeiras, no que se refere à educação de adultos, parecem ser particularmente sérias, muito especialmente quando se trata de trabalhadores mais idosos, cujo período de aproveitamento pelo mercado de trabalho é, geralmente, muito curto e durante o qual as despesas de formação podem não ser amortizadas.
Na medida em que gera retornos consideráveis, grande parte da educação de adultos deveria ser financiada. Poderá parecer um desperdício de recursos públicos financiar a formação com subsídios públicos. No entanto, a implementação de incentivos económicos para os grupos de baixa qualificação e desfavorecidos, assim como para certos tipos de empresas, como as PME, seria justificado.
Entre as várias ferramentas de financiamento disponíveis para as empresas poderiam destacar-se reduções de impostos, facilidades de pagamento dos mesmos…
Também as questões relativas à oferta e ao controlo de qualidade dos programas de educação de adultos devem merecer a nossa atenção. Um vasto conjunto de instituições – escolas superiores populares, instituições comunitárias, instituições educacionais regulares e outros locais de encontro informais, incluindo o local de trabalho, poderiam oferecer educação aos adultos.
Uma oferta eficiente também implica responder a uma das principais restrições à participação: o tempo. Facilitar a organização do tempo e fornecer alternativas à aprendizagem podem ajudar os países a melhorar a taxa de participação.
Para terminar, referindo-nos ao controlo de qualidade da educação de adultos, os programas de baixa qualidade podem resultar em baixo investimento e participação. Os serviços de emprego público deveriam ser estimulados a aperfeiçoar os seus próprios padrões de qualidade, ao incentivarem os desempregados a frequentar os cursos de formação fornecidos pelo sector privado ou pela comunidade.

                                                                                FNeves

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

DESENVOLVIMENTO E SOLIDARIEDADE - VII



                               Desenvolvimento e cultura

            O desenvolvimento de um povo ou comunidade determina-se de acordo com vários índices (económico, sanitário, demográfico…). Mas a cultura é, sem dúvida, aquele que melhor o pode identificar. A cultura não é só a convivência com o erudito, com os saberes invulgares, com as altas formas de manifestação artística e apenas ao alcance de alguns privilegiados.
A cultura tem também a ver com as nossas heranças, com os nossos costumes, as tradições que passaram de geração em geração e que dão identidade a uma comunidade ou a um povo.
A cultura proporciona às pessoas meios de orientar os seus impulsos para actividades criativas, de lhes aumentar a auto-estima e de as transformar noutras mais atentas às realidades que as envolvem e, por isso, talvez, mais solidárias.
            A cultura não se reduz a uma mera actividade complementar de ocupação de tempos livres. Ela é, antes, um factor de transformação e inserção social. Veja-se, como exemplo, o que o estudo e a prática da música fizeram, através do projecto Orquestra Geração na transformação da forma de viver de muitas crianças de meios desfavorecidos! Não foi a música que, em alunos com elevados níveis de insucesso escolar, os incentivou a desenvolver valores como a disciplina, a pontualidade, a assiduidade, o trabalho cooperativo?
            Hoje, que vivemos num mundo cada vez mais orientado por padrões extrínsecos, que têm a ver com a mundialização da economia, com a homogeneização de produtos, com a assunção generalizada de usos e costumes, mais premente se torna preservar o que nos diferencia e nos dá identidade.
Ora, é essa preservação que pode fazer da cultura, também, um meio de criação de riqueza. Actividades ligadas ao artesanato, ao turismo da Natureza, à gastronomia, à apicultura, à música local e a tantas outras, podem constituir-se em factor de geração de microempresas, dando respostas a quem está no desemprego, ao mesmo tempo que contribui para o desenvolvimento local e regional. Cada vez mais os elementos que estão numa comunidade se têm que transformar em actores do desenvolvimento.

                                                                       Mário Freire

sábado, 11 de fevereiro de 2012

ARCO - ÍRIS



Sempre quando o Criador
desce à Terra, de visita,
dá-lhe um beijo e é tal a dita
que surge nela um resplendor.

Arco-íris ou celeste,
também dito da aliança,
tudo e todos ele alcança.
Véu do Céu que a Terra veste,

mal os anjos o retiram,
logo o arqueiam no Além
e vai Deus sob ele entrar.

Mas nos olhos que tal viram
fica impresso e já ninguém
deixará de o contemplar.

João d’Alcor

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

POLÍTICAS DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS - 1



Os governos começam a preocupar-se com a educação dos adultos pertencentes a grupos desfavorecidos. O investimento nos adultos de baixa qualificação, tornando a mão-de-obra mais produtiva, pode estimular o crescimento económico. A falta de motivação, a falta de tempo e as restrições financeiras continuam a ser os principais entraves à educação de adultos.
A participação na educação de adultos varia bastante de um país para outro, maior e com maior sucesso nos países do norte da Europa, ao contrário do que sucede nos países do sul.
Também entre grupos populacionais há desigualdades significativas na participação na educação de adultos: as taxas de participação daqueles que frequentaram um curso superior é muito maior que as daqueles com baixa qualificação. Há uma tendência para que as pessoas mais idosas participem muito menos na educação de adultos que os mais jovens. O tipo e a dimensão da empresa é outro factor importante. As PME são, em geral, pouco representadas na formação de adultos.
Os governos dispõem de uma série de incentivos políticos de molde a criar condições estruturais para aumentar os benefícios da educação de adultos. Eles podem melhorar a visibilidade das recompensas de aprendizagem, indicando-as claramente aos indivíduos e às empresas. Eles podem, igualmente, reforçar o reconhecimento das competências adquiridas, seja através de treino formal, seja através de educação informal. Ao mesmo tempo, é essencial garantir que os sistemas de certificação sejam transparentes para os empregadores; caso contrário, as competências poderão ser desvalorizadas no mercado de trabalho. Também o equilíbrio entre a oferta e a procura poderá ser comprometido.

                                                                                         FNeves

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

UMA EDUCAÇÃO BÁSICA PARA A VIDA



            Está a verificar-se por todos os países referenciados como desenvolvidos um desemprego estrutural. Este tipo de desemprego está relacionado com uma economia altamente competitiva, globalizada, tecnológica, desumanizada que põe em primeiro lugar o lucro. A pessoa é relegada para um plano muito secundário e, quantas vezes, considerada, apenas, como um factor de produção.
            Por isso, nos tempos em que vivemos, o saber e o saber-fazer são os melhores instrumentos para se conseguir o emprego. As instituições de ensino, do básico ao superior, têm, pois, um trabalho muito grande a desenvolver junto dos alunos, proporcionando-lhes os conhecimentos e as capacidades para que possam fazer face aos desafios que esta sociedade lhes coloca.
            Referir-me-ei, aqui, apenas ao ensino básico. Este nível de ensino, especialmente o 1º ciclo, é, na verdade, o alicerce sobre o qual irão assentar as aprendizagens posteriores. E com alicerces de areia, os edifícios mal chegarão a construir-se. Por isso, para bem da comunidade e, especialmente, daquela que menores recursos tem, um 1º ciclo do ensino básico de qualidade e exigente constitui, talvez, o principal promotor do desenvolvimento.  
            Mas, nem todos os alunos terão a possibilidade, devido a múltiplas circunstâncias, de seguir a via regular do ensino básico. Para isso, a partir de 2004, foram introduzidos os chamados Cursos de Educação e Formação (CEF). Estes Cursos constituem uma oportunidade para se poder concluir a escolaridade obrigatória através de uma via mais prática, flexível, de natureza profissionalizante e que abre mais perspectivas a uma entrada no mundo do trabalho.
            O ingresso nestes Cursos é feito só a partir dos 15 anos. Convinha, no entanto, que houvesse a oportunidade para todos aqueles que, devido às dificuldades que manifestam no ensino regular, apesar de poderem beneficiar de algum apoio complementar, de ingressarem naqueles Cursos com idades inferiores a 15 anos, com as adaptações julgadas convenientes.
Esses alunos, nestes cursos, com uma grande componente de natureza prática e profissionalizante, poderiam ganhar uma maior confiança em si próprios, não serem constantemente confrontados com o fracasso, não constituírem focos de indisciplina na sala de aula e adquirirem aquelas capacidades técnicas e humanas que os tornariam profissionais mais responsáveis e pessoas integradas na sociedade.   

                                        Mário Freire

domingo, 5 de fevereiro de 2012

APROVAÇÃO



Quem se sente reprovado
vive sob a sensação
de um espinho encastoado
em seu próprio coração.

Aceitá-lo resignado
é sofrer até mais não.
Só apenas retirado
dá lugar à salvação.

Bem triste é ter sido um alvo
de qualquer condenação
sempre filha do terror.

Sente a dita de ser salvo
e transmite a aprovação
quem aposta no Amor.

                               João d’Alcor

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

MOBILIZAÇÃO GERAL A FAVOR DOS PAIS



Nantes é uma cidade francesa com cerca de 280.000 habitantes, alcançando a sua área metropolitana mais de 800.000. Já foi descrita como a cidade europeia com mais vida. Não sei se este título lhe é merecido mas, o que nela tem ocorrido nos últimos anos, no que se refere à educação, parece justificar bem aquela denominação.
Ora, é naquela cidade que se realizam as chamadas Questões de pais. Não se trata de uma conferência, colóquio ou seminário que aborde esta temática. Não! Do que está a falar-se é de uma mobilização quase geral da comunidade de Nantes para os múltiplos problemas que os pais enfrentam. Assim, em Outubro do ano transacto, pelo quarto ano consecutivo, essas grandes jornadas educacionais tiveram lugar durante uma semana, em vários locais da cidade, sempre em parceria com um grande número de associações e de actores que directamente estão ligados à família.
Os objectivos destas “Questões de pais” são os de incentivar a cidade e os seus parceiros a apoiar os pais, informá-los e dar-lhes os meios de encontrar profissionais ou outros pais com quem partilhar experiências, opiniões e problemas ou, simplesmente, cada um tentar encontrar as respostas às respectivas questões.
Os temas são variados: relações e comunicação entre pais e filhos; modos de exercer a guarda das crianças; nascimento e primeira infância; relações entre os pais; apoio às famílias; alimentação…
Os temas são tratados de múltiplas maneiras, desde a convencional conferência, com ou sem debate, passando por pequenos grupos onde as pessoas discutem determinadas situações, tentando encontrar pistas de actuação, até ao cine-debate e ao teatro-debate, em que após a projecção ou teatralização de uma ou várias situações relacionadas com os temas das jornadas, os assistentes são convidados a emitir as suas opiniões.
Nenhum dos pais está excluído desta grande acção pois ela tem em vista abranger todo o tipo de situações desde os filhos bebés, 1ª e 2ª infâncias, adolescência, filhos deficientes até filhos pós-adolescentes.
Aspecto que me surpreendeu foi o de estarem implicadas dezenas de associações, identificadas, aliás, com os respectivos contactos no site da organização (www.questionsdeparents.nantes.fr). Saliento, apenas, três para se ter uma ideia do tipo de instituições implicadas nesta grande intervenção da sociedade de Nantes: “Associação de famílias monoparentais e recompostas”, “Escola de pais e de educadores” e “Pais, filhos, separação”.
Eis aqui uma iniciativa que potencia o papel das organizações que já se encontram a trabalhar no âmbito educacional e familiar e que poderia ajudar a resolver alguns dos muitos problemas com que se confrontam muitas das nossas famílias.

                                                                                   Mário Freire

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

APLAUSO



De elogios quem não gosta,
sobremodo receber?
Quem tal nega e nisso aposta,
muito estranho deve ser.

O aplauso faz-me bem
não lhe sou indiferente.
Um perigo, há porém,
que é ser dele dependente.

Se tal noto ainda em mim,
ou quiçá em outra gente,
faço apelo à compaixão.

É humano e espero, enfim,
que o bom Deus, benevolente,
nos vai dar a absolvição.

JOÃO D'ALCOR